emigração
Rio de fogo estendido
Rio de fogo estendido
Em rasgado voo planado
Pássaro branco perdido
Num horizonte amado.
Jovem ainda em viagem
Com destino incerto e sombrio
Rasgo de espaço sem paragem
Dum porto inseguro sem brio.
Mar a tocar o céu
Em noite escura de breu.
Oh! Jovem sem pais
Avós e outros mais
Partiste só com as mágoas
Num caminho sem margens
Um destino no olhar
Perdido no verbo amar.
Oh! Jovem oráculo da verdade
Tanta saudade
Hás-de deixar
Presa à terra
E ao cheiro
Deste padecer sem luar.
Partes para terra fria
De gelo nos sentimentos
Emoções estranguladas
Nas tuas próprias razões
Já não há estrelas douradas
A guiar-te o percurso de anões
Dum horizonte esquecido
Na memória de menino ferido.
Lembras-te quando o ocaso
Aquecia o futuro do teu passo?
Eras criança com destino
Eras alegria todo o dia
Eras a mão guiada pelo chão
Eras tudo o que ainda não foste.
Ficavas preso ao deslumbre da noite
Sem medo do amanhã ainda cedo
Foste projecto e ambição
Foste o sonho grande num pequeno coração
Que batia sorrindo no carinho e paixão
Tanta emoção…
Hoje perdido olhas p’ra trás
E não vês o caminho de quem o faz
- Quem te levou ao momento
deste tamanho sofrimento?
(dia em que o T.C. chumbou a convergência das pensões)
Luís M. Castanheira_19.dez.2013
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