segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Paisagens Propícias

O Sul

O sol o sul o sal
as mãos de alguém ao sol
o sal do sul ao sol
o sol em mãos do sul
e mãos de sal ao sol

O sal do sul em mãos de sol
e mãos de sul ao sol

um sol de sal ao sul
o sol ao sul
o sal ao sol
o sal o sol
e mãos de sul sem sol nem sal 

Para quando enfim amor
no sul ao sol
uma mão cheia de sal?

Ruy Duarte de Carvalho






Paisagens Propícias

Publicado a 24/01/2013
coreografia Rui Lopes Graça
música original João Lucas
figurinos e cenografia Nuno Guimarães
esculturas Issac Dikuiza Rodrigues
desenho de luz Jorge Ribeiro
interpretação Armando Mavo, Adilson Valente, André Baptista, Daniel Curti, Benjamim Curti, Samuel Curti, António Sande
produção executiva Jorge António
direção artística Ana Clara Guerra Marques
produção Companhia de Dança Contemporânea de Angola
estreia 18Jan2013 Teatro Camões (Lisboa)
dur. aprox. 1:15
M/4 anos

Da poesia à antropologia, passando pelo cinema e prolongando-se naturalmente nos confins da ficção. A obra do angolano Ruy Duarte de Carvalho (1941-2010) é uma arte genial de atravessar fronteiras -- disciplinares, geográficas e culturais. Paisagens Propícias é o nome do lugar onde o coreógrafo Rui Lopes Graça e os bailarinos da Companhia de Dança Contemporânea de Angola se encontraram para dançar o universo do autor de Vou Lá Visitar Pastores (1999), livro que o revelou ao público português e onde descreve a sua incursão por território Kuvale, que se estende para sul, passando pelo deserto do Namibe até às margens do rio Cunene. Desta e de outras viagens, vividas ou imaginadas, extraíram-se palavras, imagens, cores e sons, matéria traduzida para o corpo em "gestos que repetem outros gestos", como se lê num dos seus poemas. Através deste processo, coreógrafo e bailarinos fizeram um "caminho de regresso ao essencial", sinal de fidelidade criativa a um autor que sempre recusou a ostentação do exotismo. Fidelidade ainda à matriz experimental da Companhia de Dança Contemporânea, que sob a direção artística de Ana Clara Guerra Marques tem desenvolvido uma estratégia de criação de novas estéticas para a dança angolana.

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