Como é isso por
aí?
Sentes-te muito
só?
Ainda vês o
clarão avermelhado do anoitecer?
Os pássaros ainda
cantam a caminho da floresta?
Ainda os ouves?
Aceitas esta
carta que me atrevi a mandar?
Posso
transmitir-te a confissão que não ousei fazer?
Passará o tempo?
Fenecerão as
rosas?
É chegada a hora
De dizer adeus.
Como a brisa que
se demora
Para depois
partir
Tal como as
sombras
Às promessas que
nunca chegaram
Ao amor selado
até ao fim
Às ervas
Que me beijam os
tornozelos
Os minúsculos
passinhos
Que me seguem
É chegada a hora
De dizer adeus.
Agora que a noite
cai
Voltar-se-á a
acender alguma vela?
Aqui rezo
Ninguém derramará
lágrimas
Ninguém mais
sofrerá
E para que saibas
Quanto te amei
A longa espera
Em pleno e escaldante
dia de Verão
Um velho caminho
Que lembre o
rosto do meu pai
Até que a mais
solitária flor silvestre
Timidamente se
recolherá
Quão
profundamente amei
Ao ouvir tua
ténue canção
Como estremeceu o
meu coração
Abençoo-te
Antes de
atravessar este sombrio rio
Com o último
fôlego da minha alma
Começo a sonhar
Com uma soalheira
E luminosa manhã
Onde mais uma vez
acordo
Ofuscada pela luz
Para te encontrar
À minha frente.
(único poema escrito pela Autora, da Koreia do Sul,
já sexagenária, antes de se suícidar)
(único poema escrito pela Autora, da Koreia do Sul,
já sexagenária, antes de se suícidar)
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