segunda-feira, 9 de junho de 2014

ILHA




Tu vives
mãe adormecida 
nua e esquecida,
seca,
fustigada pelos ventos,
ao som de músicas sem música
das águas que nos prendem

Ilha:
teus montes e teus vales
não sentiram passar os tempos
e ficaram no mundo dos teus sonhos
os sonhos dos teus filhos 
a clamar aos ventos que passam,
e às aves que voam, livres,
as tuas ânsias!

Ilha:
colina sem fim de terra vermelha
terra dura 
rochas escarpadas tapando os horizontes,
mas aos quatro ventos prendendo as nossas ânsias!

Um poema de Amilcar Cabral - Praia, Cabo Verde, 1945 -

Fonte : Suplemento a Semana nº 677, 3 de Setembro de 2004
www.vidaslusofonas.pt/cabral
Revista ? África Lusófona ? , Ano 3- n.º 23 ? Setembro / Outubro 2004

Juvenal Cabral, Memórias e Reflexões

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