Meu amor meu amor
meu corpo em movimento
minha voz à procura
do seu próprio lamento.
Meu limão de amargura meu punhal a escrever
nós parámos o tempo não sabemos morrer
e nascemos nascemos
do nosso entristecer.
Meu amor meu amor
meu nó e sofrimento
minha mó de ternura
minha nau de tormento
este mar não tem cura este céu não tem ar
nós parámos o vento não sabemos nadar
e morremos morremos
devagar devagar.
Ary dos Santos
eduardo martinsHá 6 anos
"Ela é perfeita. Voz, afinação, além de possuir uma pronúncia e dicção ímpares, melhores ainda que Ana Moura. Se Deus descobre, vai levá-la para cantar no céu. Chega a nos deixar embriagados. Demais, demais!"
letra
Diz-me agora o teu nome
Se já te dissemos que sim
Pelo olhar que demora
Porque me olhas assim
Porque me rondas assim
Toda a luz da avenida
Se desdobra em paixão
Magias de druída
P'lo teu toque de mão
Soam ventos amenos
P'los mares morenos
Do meu coração
Espelhando as vitrinas
Da cidade sem fim
Tu surgiste divina
Porque me abeiras assim
Porque me tocas assim
E trocámos pendentes
Velhas palavras tontas
Com sotaques diferentes
Nossa prosa está pronta
Dobrando esquinas e gretas
P'lo caminho das letras
Que tudo o resto não conta
E lá fomos audazes
Por passeios tardios
Vadiando o asfalto
Cruzando outras pontes
De mares que são rios
E num bar fora de horas
Se eu chorar perdoa
Ó meu bem é que eu canto
Por dentro sonhando
Que estou em Lisboa
Diz-me tu então que sou teu
Que tu és tudo p'ra mim
Que me pões no apogeu
Porque me abraças assim
Porque me beijas assim
Por esta noite adiante
Se tu me pedes enfim
Num céu de anúncios brilhantes
Vamos casar em Berlim
À luz vã dos faróis
São de seda os lençóis
Porque me amas assim...
Por que Me Olhas Assim?
- Fausto Bordalo Dias -
E, para finalizar, um concerto memorável, em Macau, acompanhada por Mário Laginha:
The Script Road 2016 - CRISTINA BRANCO full concert Macau Cultural Center - March 12th One of the most acclaimed voices in Portugal, Cristina Branco (March 12, Macau Cultural Centre) belongs to a generation of musicians that in the mid-1990s have found in fado their own way of expressing themselves (thereby contributing to an astonishing reinvigoration of the traditional song form of Portugal). Like them, Cristina has begun to define her own journey, in which respect for tradition walks hand in hand with a desire for innovation. For the singer, words have always been deserving of careful attention. Therefore, Cristina Branco is a singer of poets, amongst them the greatest in Portugal (Camões, Pessoa, David Mourão-Ferreira, José Afonso …) and abroad (Paul Éluard, Léo Ferré, Alfonsina Storni, Slauerhoff).
É muito bom ouvir a Cristina Branco. Não posso deixar de destacar o poema do Ary dos Santos, poeta que deus as melhores letras à música portuguesa…
ResponderEliminarUma boa semana, meu Amigo Luís.
Um beijo.