segunda-feira, 16 de setembro de 2019

Amêndoa Amarga_ Amália Rodrigues

Amêndoa Amarga” foi uma das sete letras que Ary dos Santos escreveu para a Amália, todas elas musicadas por Alain Oulman.
Este fado só viria a ser conhecido, em 1977, no LP “Cantigas Numa Língua Antiga”, juntamente com "Alfama", "Rosa Vermelha", "Meu Amigo Está Longe" e "O Meu É Teu". E a estes acrescentou-se "É da Torre mais Alta", um inédito das sessões de 1975 que seria publicado apenas em 1997.
Porém, muitos destes fados foram escritos por Ary e musicados por Oulman muito antes - logo depois de “Meu Amor, Meu Amor”, o único fado dos dois editado antes do 25 de Abril, no álbum “Com que Voz” (1970).
E Amália também já os tinha "experimentado" e gravado, entre 1969 e 1973, em versões que ficaram inéditas até hoje e que, nalguns casos, diferem bastante do texto fixado depois nas versões “definitivas”.
Diz-nos Alain Oulman, no livro “Ary dos Santos - as Palavras das Cantigas”, coordenado por Ruben de Carvalho: “Amêndoa Amarga foi a segunda canção que fizemos. Uma das quadras que ele tinha escrito, que seria a penúltima, foi cortada: *)  Minha essência , meu perfume / meu lume minha lava meu labéu / como é possível não chegar ao cimo / de tão lavado céu.“ - nesta versão de "Amêndoa Amarga", Amália ainda a canta.

versão inédita:





Por ti falo e ninguém pensa
mas eu digo minha amêndoa, meu amigo, meu irmão
meu tropel de ternura, minha casa
meu jardim de carência, minha asa.

Por ti vivo e ninguém pensa
mas eu sigo um caminho de  nardos  empestados
uma intensa ternura que persigo
rodeada de cardos por tantos lados.

*) Meu perfume, minha essência  
meu lume, minha lava, meu labéu 
como é possível não chegar ao cimo 
de tão lavado céu.

Por ti morro e ninguém sabe
mas eu espero o teu corpo que sabe a madrugada
o teu corpo que sabe a desespero
ó minha amarga amêndoa desejada.

(Ary dos Santos/ Alain Oulman)

[versão que foi fixada nas gravações ate' agora conhecidas]:



Por ti falo e ninguém pensa
mas eu digo minha amêndoa, meu amigo, meu irmão
meu tropel de ternura, minha casa
meu jardim de carência, minha asa.

Por ti vivo e ninguém pensa
mas eu sigo um caminho de silvas e de nardos
uma intensa ternura que persigo
rodeada de cardos por tantos lados.

Por ti morro e ninguém sabe
mas eu espero o teu corpo que sabe a madrugada
o teu corpo que sabe a desespero
ó minha amarga amêndoa desejada.


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