sábado, 22 de setembro de 2018

Aline Frazão_novo disco



"Aline Frazão leva-nos para dentro da chuva










A cantautora angolana lançou esta sexta-feira o seu quarto álbum, que, embora tenha os pés entre o Rio de Janeiro e Luanda, atravessa o mundo inteiro.

Mariana Pereira
21 Setembro 2018








Aline Frazão.
© Fradique


Foi numa dessas noites de dezembro último, época marcada pelo regresso de Aline Frazão a Angola, seu país natal, que ao ler os últimos dois parágrafos do livro Como Se o mundo não Tivesse Leste, do seu conterrâneo Ruy Duarte de Carvalho, o velho personagem Adriano Kapiapia como que a agarrou pela roupa e a levou para dentro da chuva.


O que é que isso significa? Significa que ela, que então trabalhava no disco de voz e violão hoje lançado, transpôs para canção o que ali estava escrito. "Para mim estava tudo ali, tudo aquilo de que andava à procura. Até é comovente falar sobre isso, porque a gente esquece-se de estar atento", explica ao DN numa manhã bem cedo, sentada no café Luanda, nome tão a propósito, agora que, depois de 10 anos fora, essa voltou a ser a sua cidade, e com mais vida cultural do que nunca, "onde à terça e à quarta-feira se tem de escolher onde ir", tantos são os lugares onde a vida pulsa.


"Toda a descrição final desse personagem é quase a descrição da atenção plena, desse homem, desse velho, nesse lugar no meio do nada, no mato, a conseguir ler a humidade do ar, a mudança das nuvens, a cor das montanhas, o cheiro da terra, sentir a chuva chegar. Essa sabedoria que faz que ele seja aquilo tudo, todos aqueles elementos estão dentro dele e ele está fundido com todos, com a vida, é como se ele fosse igual a ela própria. É uma imagem muito potente, muito inspiradora". E depois recita aqueles agora versos da canção Kapiapia, que canta com Luedji Luna: "É mundo e se é mundo progride em silêncio porque é o silêncio que governa tudo. Está dentro da chuva."


Falamos então de Dentro da chuva, álbum de voz e violão, formato que a autora de Insular (2015) ou Movimento (2013), hoje com 30 anos, há muito queria gravar. É o seu quarto álbum. "Num contexto de muita demanda, muito ruído, barulho, de certa forma esse olhar para dentro, esse despir da canção é uma mensagem importante. [É um disco] de menos elementos, de introspeção, de menos é mais."


"Acho que a música é um balão de oxigénio"

O facto de ter deixado para trás Lisboa e a sua banda também fazia daquele um momento mais solitário e, por isso, propício a este formato. A voz e a guitarra ficam mais despidas naquelas canções, cuja maioria Aline também escreveu. Nelas percebe-se uma certa geografia pessoal, desde logo, claro, em Um Corpo sobre o Mapa (música de João Pires, dos Cordel), com as suas passagens por Barcelona, Lisboa "para não voltar" ou até Zanzibar. Mas não é disso que a cantautora fala quando se refere à exposição que este formato implica."



Aline Frazão.
© Fradique
in:"DN"

2 comentários:

  1. Nunca tinha ouvido falar de Aline Frazão. Obrigada por todas estas informações, meu Amigo Luís.
    Uma boa semana.
    Um beijo.

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