Selvagens:
(Publico aqui, com a devida vénia, este belo poema, que não consigo comentar. Assim, acrescento, a seguir, como comentário, a inspiração que me suscitou.)
Palavras Servagens
Somos cor e pele, fragas expostas
Aos raios de sol e de lua.
E pelas geadas reluzimos mocidade.
Ainda que rugosas.
Tocamos caminhos desafiantes
E o sentido não tem perigo
Se tivermos asas no pensamento
E do vento a cumplicidade.
Sorve-se o instante, joga-se o olhar
E as contas são de vida e fantasia.
E de neve os passadiços.
Escorregadios anos.
As palavras partem selvagens
A planar esculturas, sentinelas do tempo.
Aragem do verso que se prende
E ousadia de ave que o rio bebe.
Teresa Almeida Subtil
Trás-os-Montes
porque me fazes natureza
e chamas por mim
nesse transversal olhar?
vislumbro longe a beleza
duma paisagem rural.
de mim nada precisas
a não ser colher os frutos
e, nas palavras semeadas
doutros serão elas criadas.
de ti posso dizer
que sem mim podes viver.
leio-te
caminho esquecido
nesta urbe passadiça
onde o tempo fechado
cobre horizontes.
na raiz
a poesia natural
eclode
nos aromas silvestres
nos ruídos canónicos
nas cores matizadas
e todos os sentidos
despertam
entre serras e vales.
canso a razão
só de pensar, que há outro lugar
com existência
longe do mar...
e das gentes temperadas
pelos elementos
toda a pele é matriz
toda a vontade se faz.
lm_15.mai.2018
Com a devida vénia, levo este carinho e a força do seu poema, Luís Castanheira. Transparece nele o chamamento da alma transmontana.
ResponderEliminarReconhecida, deixo um abraço bem arrochado.
A Teresa escreve muito bem e tu fizeste as honras ao poema dela com este magnífico "Trás-os-Montes".
ResponderEliminarUma boa semana.
Um beijo.