sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Estação _Lou Albergaria


Estranha essa sensação
De que tudo passa – 

O veículo passa 
O sonho passa 
O tempo passa 
A vida passa

E eu 
Ainda aqui
Bem amarrotada
E com essa estranha sensação 

– por que o desejo não passa?


Lou Albergaria 

in:
http://loualbergaria.blogspot.com.br
.........
LOU ALBERGARIA


Lou Albergaria (Ponte Nova-MG), economista e poeta. Nasceu em 27 de julho de 1969. Tem poemas publicados em vários sites de Literatura e Cultura como Germina, Vidráguas, Mallarmargens e também na Revista E – Sesc/SP. Está sempre nas redes sociais, esparrAmando poesia, arte e alguma transgressão. Mora em Belo Horizonte. Autora dos livros O Cogumelo que nasce na bosta da vaca profana(Editora Vidráguas, 2011) e Doida Alquimia (Patuá, 2015). Mais poemas em sTRIPalavras: http://loualbergaria.blogspot.com.br
in:
http://editorapatua.com.br/index.php

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

SOLITUDE by Rodrigo Leao


Rodrigo Leão | Vida Tão Estranha







Ah, j’aime biens l’espoir quand s’on va 

Dans les ailes froides de ton âme 

C’est si grand le désir de ta voix 

Mais ces vagues énormes m’entrainent 




Mon cœur dis moi 

Pourquoi cette douleur 

Je vois la peur dans tes yeux 

Et toi, non, tu n’es pas seul 

Il faut tuer la solitude en toi 




Ah, j’aime biens l’espoir quand s’on va 

Mais ces vagues énormes m’entraine 




Mon cœur dis moi 

Pourquoi cette douleur 

Je vois la peur dans tes yeux 




Et toi, tu n’es pas seul 

Il faut tuer la solitude en toi 

Et toi, tu n’es pas seul 

Il faut tuer la solitude en toi 

Et toi, tu n’es pas seul 

Il faut tuer la solitude en toi 







Voz de Ana Vieira







(tradução livre)





Ah, eu adoro propriedade é esperança quando você vai 

em alas frias de sua alma 

Isso é tão grande o desejo de sua voz 

Mas essas grandes ondas me levar




Meu coração me diz 

por que essa dor 

que eu vejo o medo em seus olhos 

E você, não, você não está sozinho 

deve matar a solidão em você




Ah, eu adoro propriedade é esperança quando vamos 

Mas essas ondas enormes leva-me




Meu coração me diz 

por que essa dor 

que eu vejo o medo em seus olhos




E você não está sozinho 

deve matar a solidão em você 

e você, você não está sozinho 

deve matar a solidão em você 

e você, você não está sozinho 

deve matar a solidão em você.




Rodrigo Leão

biografia_(by: página oficial)

Rodrigo Leão







































Dono de uma das mais interessantes discografias do nosso país, o músico e compositor Rodrigo Leão tem conhecido o sucesso dentro e fora de portas, facto que lhe tem permitido ter convidados de peso nos seus discos, como aconteceu com Ryuichi Sakamoto ou Beth Gibbons (Portishead). E isso reflecte apenas uma intensa ética de trabalho que nasce de uma dedicação profunda à música, patente desde sempre na sua carreira.


Na década de 80, o seu visionário trabalho na Sétima Legião lançou pistas que ainda hoje são exploradas pela nossa pop. Fez também parte dos Madredeus, grupo com que começou por explorar o mundo e com quem gravou três álbuns que angariaram aplausos em todo o planeta. Logo depois, Rodrigo aventurou-se a solo com enorme sucesso. «Ave Mundi Luminar», editado em 1992, levou o seu nome aos mais importantes mercados do mundo. Seguiram-se trabalhos como «Mysterium» (1995), «Theatrum» (1996), «Alma mater» (2000) e a compilação «Pasión» (também de 2000). Com o álbum «Cinema», de 2004, a sua música alcançou novas audiências, reaproximando-o da esfera pop.


Depois, a compilação «O Mundo», lançada internacionalmente em 2006, garantiu-lhe os mais rasgados elogios: Pedro Almodôvar, por exemplo, não teve dúvidas e descreveu Rodrigo Leão como «um dos mais inspirados compositores do mundo». Finalmente, em 2007, Rodrigo deu música às imagens da excelente série de televisão «Portugal – Um Retrato Social» e percorreu com sucesso várias salas do nosso país. Seguiu-se o desafio dos responsáveis pela maior série de ficção já produzida em Portugal, «Equador», para a qual Rodrigo compôs algumas evocativas peças que são já momento alto dos seus concertos.


Em 2009 edita “ A Mãe” que tem entrada directa para o 1ª lugar no Top de Vendas Nacionais onde permanece durante várias semanas tendo atingido o Galardão de Dupla Platina, Rodrigo Leão apresenta esse espectáculo em Portugal e no estrangeiro e em 2010 vê reeditado o seu álbum AVE MUNDI LUMINAR que apresenta em 3 concertos consecutivos e esgotados em Lisboa e Porto.


Em 2011 dá início a uma digressão Instrumental “A Montanha Mágica” melodias feitas de memórias e mistério, caixinhas de música guardadas em gavetas secretas, guitarra portuguesa que sublinha uma subtil identidade que é portuguesa mas aplaudida por todo o mundo.


O ano de 2013 testemunha outras formas de entrada na sua obra, por via das canções que tem composto em inglês ao longo da sua carreira. Songs (2004-2012) parte exactamente dessa ideia de vocação universalista reunindo canções como «Deep Blue», «Cathy», ou «Sleepless Heart», tema principal da serie de televisão “Equador” e ainda três inéditos.


2013 foi ainda um ano extraordinário na composição para cinema – Rodrigo Leão compôs 3 bandas sonoras: “A Gaiola Dourada “ – o maior sucesso de bilheteira em Portugal e França este ano, a banda sonora do filme “O Mordomo” do realizador americano Lee Daniels e ainda a banda sonora da longa-metragem Angolana “NJINGA Rainha de Angola” do realizador Sérgio Graciano.


A música de Rodrigo Leão tem igualmente merecido os aplausos do público mais exigente e isso justifica que tenha sido escolhido pela Assembleia da República para a homenagem aos 40 anos do 25 de Abril que transformou a escadaria de São Bento num palco singular. O resultado desse espectáculo foi “O Espírito de Um País”, um CD/DVD editado em Outubro de 2014, e que foi o pretexto para um aguardado reencontro com os palcos, num formato especial e diferente daquele que os seus seguidores estão habituados. Num espectáculo em português, onde se enaltece a alma e a identidade de um povo, Rodrigo Leão reencontra as suas raízes e volta a apaixonar-nos.


No final de 2015 editou “O Retiro” em parceria com a Orquestra e Coro da Gulbenkian, que entrou directamente para o n.º 2 do top nacional de vendas e para o n.º1 do top digital e que foi apresentado nos Coliseus de Lisboa e Porto com lotação esgotada.


Depois de um ano de intensa actividade, dividido entre a sua tour e mais uma colaboração, desta vez com o realizador Marcel Barrena no filme “100 Metros” que tem estreia marcada para 4 de Novembro em Espanha e Portugal, prepara-se agora para ver editado um novo projecto. O álbum colaborativo com o cantor australiano Scott Matthew – “Life Is Long” – estará à venda a partir do dia 30 de Setembro e será apresentado pela primeira vez no dia 4 de Novembro no Coliseu do Porto no âmbito da 7ª edição do Misty F.est, dando origem a uma Tour Europeia

domingo, 20 de novembro de 2016

Lula Pena - "Senhora do Almortão



Lula Pena, é uma cantora portuguesa. Estudou design gráfico e comunicação visual na escola de Artes Visuais António Arroio, em Lisboa. Mudou-se para Bruxelas em 1992, onde descobriu que a distância é um dos pilares do Fado. Wikipédia
Nascimento: 15 de maio de 1974 (42 anos), Lisboa

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Valsinha _António Zambujo e César Mourão _Rádio Comercial









Valsinha


Letra e música: Chico Buarque/Vinícius de Morais



Um dia ele chegou tão diferente
Do seu jeito de sempre chegar
Olhou-a de um jeito muito mais quente
Do que sempre costumava olhar
E não maldisse a vida tanto
Quanto era seu jeito de sempre falar
E nem deixou-a só num canto
Pra seu grande espanto, convidou-a pra rodar





E então ela se fez bonita
Como há muito tempo não queria ousar
Com seu vestido decotado
Cheirando a guardado de tanto esperar
Depois os dois deram-se os braços
Como há muito tempo não se usava dar
E cheios de ternura e graça
Foram para a praça e começaram a se abraçar





E ali dançaram tanta dança
Que a vizinhança toda despertou
E foi tanta felicidade
Que toda cidade se iluminou
E foram tantos beijos loucos
Tantos gritos roucos como não se ouvia mais
Que o mundo compreendeu
E o dia amanheceu em paz.







Trem das Onze







Letras


Quais, quais, quais, quais, quais, quais

Quaiscalingudum

Quaiscalingudum

Quaiscalingudum


Não posso ficar

Nem mais um minuto com você

Sinto muito amor

Mas não pode ser

Moro em Jaçanã

Se eu perder esse trem 

Que sai agora às onze horas

Só amanhã de manhã


Não posso ficar

Nem mais um minuto com você

Sinto muito amor

Mas não pode ser

Moro em Jaçanã

Se eu perder esse trem

Que sai agora às onze horas

Só amanhã de manhã


E além disso mulher

Tem outra coisa

Minha mãe não dorme

Enquanto eu não chegar

Sou filho único

Tenho minha casa pra olhar


Eu não posso ficar

Não posso ficar

Nem mais um minuto com você

Sinto muito amor

Mas não pode ser

Moro em Jaçanã

Se eu perder esse trem

Que sai agora às onze horas

Só amanhã…

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Naquela Mesa_Música:Sérgio Bittencourt




(repetido por tanto gostar)

letra

Naquela mesa ele sentava sempre
E me dizia sempre o que é viver melhor
Naquela mesa ele contava histórias
Que hoje na memória eu guardo e sei de cor
Naquela mesa ele juntava gente
E contava contente o que fez de manhã
E nos seus olhos era tanto brilho
Que mais que seu filho
Eu fiquei seu fã

Eu não sabia que doía tanto
Uma mesa num canto, uma casa e um jardim
Se eu soubesse o quanto dói a vida
Essa dor tão doída não doía assim
Agora resta uma mesa na sala
E hoje ninguém mais fala do seu bandolim
Naquela mesa tá faltando ele
E a saudade dele tá doendo em mim
Naquela mesa tá faltando ele
E a saudade dele tá doendo em mim

Eu não sabia que doía tanto
Uma mesa num canto, uma casa e um jardim
Se eu soubesse o quanto dói a vida
Essa dor tão doída não doía assim
Agora resta uma mesa na sala
E hoje ninguém mais fala do seu bandolim
Naquela mesa tá faltando ele
E a saudade dele tá doendo em mim                                          
Naquela mesa tá faltando ele
E a saudade dele tá doendo em mim

Naquela mesa tá faltando ele
E a saudade dele tá doendo em mim
Naquela mesa tá faltando ele
E a saudade dele tá doendo em mim.

Música:Sérgio Bittencourt




terça-feira, 15 de novembro de 2016

Leonard Cohen _ Dance Me to the End of Love



Intemporal...

Letra
Dance me to your beauty with a burning violin
Dance me through the panic 'til I'm gathered safely in
Lift me like an olive branch and be my homeward dove
Dance me to the end of love
Dance me to the end of love
Oh, let me see your beauty when the witnesses are gone
Let me feel you moving like they do in Babylon
Show me slowly what I only know the limits of
Dance me to the end of love
Dance me to the end of love
Dance me to the wedding now, dance me on and on
Dance me very tenderly and dance me very long
We're both of us beneath our love, we're both of us above
Dance me to the end of love
Dance me to the end of love
Dance me to the children who are asking to be born
Dance me through the curtains that our kisses have outworn
Raise a tent of shelter now, though every thread is torn
Dance me to the end of love
Dance me to your beauty with a burning violin
Dance me through the panic till I'm gathered safely in
Touch me with your naked hand or touch me with your glove
Dance me to the end of love
Dance me to the end of love
Dance me to the end of love
Compositores: Leonard Cohen
Letras de Dance Me to the End of Love © Sony/ATV Music 

Licínia Quitério_"A Ignorância"

Nesse tempo eu pouco sabia 
De filósofos ou de colheitas tardias
E menos ainda de contas correntes
Ou de novas galáxias
Redondo era o mundo e
Eu girava girava
Dançava dançava muito
Em redor de mim
Em redor da saia que rodava
E chorava porque
O coelhinho branco morrera 
Ou o rapaz afinal tinha outra namorada
Queria que o meu cabelo embranquecesse 
E eu fingisse de velha
De uma velhice mais bonita
Que a minha mocidade
Nada sabia da morte das abelhas
E menos ainda da vida 
Depois de muitas mortes
Conhecia vagamente os nomes de cidades
E sonhava com elas
Porque havia de as visitar
No princípio de todas as primaveras
Eu era tão ignorante 
Nesse tempo 
Agora sei os nomes das árvores da minha rua
O tamanho da estrela maior
O tempo de vida do amor
E muito mais
Confesso que pintei o cabelo 
Da cor da mocidade
Que era tão bonita e nem isso eu sabia

Licínia Quitério

sábado, 12 de novembro de 2016

Leonard Cohen


Leonard Cohen

hoje morreu o poeta
                 de olhos postos no céu.
                  cantou pausadamente
                     a vida no silêncio e
                 a voz densa no coração.

segunda-feira, 07.nov.2016
lmc
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Todos os homens

Pedro Adão e Silva
11.11.2016 às 20h02 

"A voz foi ficando mais grave e trémula, enquanto adquiria ainda mais drama; o corpo foi-se curvando, mantendo elegância, e aproximando-se da imagem do “pequeno judeu que escreveu a Bíblia”. Mas, em Leonard Cohen, o tempo nunca fez sentido. Cohen nunca foi um homem da sua época, nem de nenhuma época. Na verdade, nunca foi jovem. Nasceu já com uma maturidade absoluta, vestido com um fato de corte impecável e chegou ao mundo da música tarde (para conquistar todas as mulheres?), quando já havia ganho reconhecimento como poeta e escritor. Se bem que se tenha aproximado dos movimentos folk e da poesia beat, dificilmente se pode dizer que pertencia a um grupo ou fazia parte de uma tendência.

Mas se o tempo não ajuda a compreender o legado de Cohen, a sua biografia ajuda a revelar a sua obra. O órfão que se torna aos nove anos o único homem de uma casa de mulheres; o judeu oriundo de uma das famílias mais influentes da comunidade judaica do Canadá; o pré-adolescente que aprende hipnotismo para despir a empregada; o estudante que se envolve nos círculos intelectuais de Montreal; mas também o jovem escritor que parte em busca de sucesso literário em Nova Iorque e Londres; o músico que tem um sucesso súbito e que vive uma vida boémia, repleta de anfetaminas, álcool e muitas mulheres; para logo depois buscar o recolhimento pleno de brancura, em Hydra, nos braços de Marianne; o homem maduro, de uma religiosidade profunda, que se recolhe num mosteiro budista, levando um quotidiano de um ascetismo radical, mas que nunca abandonou o judaísmo; o amante convicto de um rol infindável de musas; o Pai dedicado de Adam e Lorca. Cohen foi todos os homens e esteve em todas as suas canções.

É certo que entre os 14 álbuns que lançou há elementos de mudança. Ao princípio, a voz era menos espessa e a guitarra bem mais presente (que conta a lenda aprendeu a dedilhar com um espanhol radicado no Canadá, amante de Lorca, e que se suicidou após algumas lições com o jovem Leonard), depois da trilogia inicial, o ambiente foi ficando mais denso (com Songs of Love and Hate), para mais tarde enveredar por uma “parede de som”, numa trip alucinada, em colaboração com Phil Spector (Death of a Ladies Man). Na passagem dos anos 70 para os 80, perdeu algum fulgor e reconhecimento público (Various Positions começou por não ter distribuição nos EUA) para começar uma nova fase a partir de I’m Your Man, de voz mais grave e acompanhado pelos teclados roufenhos e de gosto duvidoso que se tornariam imagem de marca. Pelo caminho, a compilação de reinterpretações, I’m Your Fan, primeiro, e um desfalque financeiro, depois, que o devolveu às tournées e tornou possível uma notável trilogia final (Old Ideas; Popular Problems e You Want It Darker), deram-lhe o reconhecimento de um público mais alargado.

Há, contudo, no essencial, elementos de continuidade entre Songs of Leonard Cohen e o recente You Want It Darker. A toada melancólica e um horizonte sombrio, as melodias envolventes, variações incessantes do mesmo canto lento, mas, acima de tudo, temáticas persistentes: a tentativa de lidar com a beleza absoluta através da palavra (o que é próprio dos “oprimidos pelas figuras de beleza”), o confronto com o juízo final (“I'm ready, my lord”, canta a abrir You Want it Darker), um ensimesmamento reflexivo que coexiste com uma sexualidade exuberante e uma celebração do amor, transformada em nostalgia sobre as paixões passadas. Sobre tudo pairou sempre um espectro apocalíptico (“I’ve seen the future and it’s murder”), só superável pelo diálogo com Deus. Cohen pareceu sempre ter sido deixado sem escolha – para além de conferir um sentido ao amor, à sexualidade e à religiosidade através do “dom de uma voz dourada”. Stranger Song, tema marcante do álbum de estreia, sugere o mesmo descontentamento e busca de redenção (“It's true that all the men you knew were dealers/who said they were through with dealing/Every time you gave them shelter”) que Treaty, canção que, sintomaticamente, encerra o derradeiro disco (“We sold ourselves for love but now we're free/I'm sorry for the ghost I made you be/Only one of us was real and that was me”). Nos dois casos, a paixão é um alimento para a insatisfação do espírito.

É conhecida a conversa entre Dylan e Cohen, onde o agora prémio Nobel terá dito, com convicção: “Leonard, tu és o número 1; mas eu sou o número zero”. Talvez seja uma forma de descrever a diferença. Dylan é um fenómeno cultural, um reinventor incessante do cânone. Cohen é a versão mais perfeita do cânone. A forma superior como ligou poesia com música foi seguida por muitos, mas está longe de ter sido alcançada."
in: jornal "Expresso"


sábado, 5 de novembro de 2016

Mariano Deidda _ Mare Portoghese ft Mafalda Arnauth


Oh, mar salgado...
que me ensinaste a nadar
vives comigo a meu lado
e nada te posso dar.

(a não ser poluição
 na tua destruição)
lmc
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Levar os poemas de Pessoa pelas estradas do jazz

04.11.2016 

PEPPINO MARGIOTTA

“Pessoa pela estrada do Jazz”, o último trabalho de Mariano Deidda dedicado à obra do poeta português (que conta com a colaboração de Enrico Rava, Kenny Wheeler, Miroslav Vitous, entre outros), chega esta sexta-feira às lojas portuguesas. O músico italiano está de novo em Lisboa, na casa de Pessoa, “onde em qualquer rua podemos ouvir os seus passos”



MARIA JOÃO BOURBON

Mariano Deidda nunca se cansa de conhecer e dar a conhecer Fernando Pessoa através da música. “Dediquei aos versos de Pessoa quase a minha discografia, 15 anos de trabalho”, recorda ao Expresso esta sexta-feira, dia em que foi colocado à venda o seu novo disco, o segundo editado em Portugal. Depois de cinco álbuns, seguiu-se uma versão da “Mensagem”, totalmente renovada e este novo trabalho.

É pelas estradas do jazz que o cantautor italiano vai mostrando o poeta português a todos aqueles que o quiserem ouvir. “O jazz, tal como a música clássica, é intemporal, fala a todas as línguas do mundo tal como o próprio Pessoa.”

Foi por isso que o cantor e compositor decidiu escolher o nome de “Pessoa Sulla Strada Del Jazz” (“Pessoa Pela Estrada Do Jazz”, numa tradução livre) para regressar a alguns dos temas de outros álbuns que não canta habitualmente em concertos, compilando-os num só, com ligeiros toques e novos arranjos, próximos do jazz. O disco conta com a participação dos trompetistas Enrico Rava e Kenny Wheeler, do contrabaixista Miroslav Vitous, do clarinetista Gianluigi Trovesi, entre outros.

“Clarino chiaro” (“Clarim claro”) é o poema de abertura do álbum, que passa ainda por “Canzone per Lisboa” (“Canção para Lisboa”), “Non ho fatto alto che sognare” (“Não fiz outra coisa que sonhar”), entre outros.

“Foi uma escolha pessoal, estas são as canções que mais gosto. Assim tenho a possibilidade de ouvi-las todas juntas e espero que o público português também goste”, explica. “O que torna este disco diferente dos outros é o o jazz, mas sobretudo porque reúne todas as grandes músicas que tinha criado em trabalhos anteriores.”

Este é também o segundo álbum de Mariano Deidda editado em Portugal. Nos últimos anos, o cantautor que se dedica a transformar em música a obra de grandes poetas, como Pessoa, já tocou em várias salas do nosso país, onde tem gosto em regressar. “Lisboa é mesmo a casa de pessoa, em qualquer rua podemos ouvir os seus passos.”

Mariano Deidda vive fascinado pela obra de Pessoa. E, também por isso, juntou todos os esforços que conseguiu para dedicar o nome de um jardim-infantil em Chivasso, Itália, a Fernando Pessoa - o que conseguiu fazer no ano passado.

“Acredito que, como o Luigi Pirandello, [Pessoa] foi um dos mais assíduos 'frequentadores' das despersonalização, da fragmentação do "eu", e nunca como nesta época foi tão necessário descobrirmos o nosso duplo, triplo e quádruplo, porque só atravessando isso podemos ter a possibilidade de nos abrirmos aos outros”, remata. “Também por isto sou fã de Pessoa.”

in: jornal "Expresso"