Que faço com minha cara de índia?
E meus cabelos
E minhas rugas
E minha história
E meus segredos?
Que faço com minha cara de índia?
E meus espíritos
E minha força
E meu Tupã
E meus círculos?
Que faço com minha cara de índia?
E meu toré
E meu sagrado
E meus “cabocos”
E minha Terra?
Que faço com minha cara de índia?
E meu sangue
E minha consciência
E minha luta
E nossos filhos?
Brasil, o que faço com minha cara de índia?
Não sou violência
Ou estupro
Eu sou história
Eu sou cunha
Barriga brasileira
Ventre sagrado
Povo brasileiro.
Ventre que gerou
O povo brasileiro
Hoje está só...
A barriga da mãe fecunda
E os cânticos que outrora cantavam
Hoje são gritos de guerra
Contra o massacre imundo.
- Eliane Potiguara, no livro "Metade Cara, Metade Máscara". Grumin Edições, 2018, p. 32-33.
Um poema muito profundo e reflexivo de Eliana Potiguara. Gostei imenso.
ResponderEliminarCuidem-se bem.
Uma boa semana.
Um beijo.