terça-feira, 31 de março de 2020

Joshua Cohen_Diário


Com os nova-iorquinos fechados em casa, as ruas da cidade estão desertas
ANADOLU AGENCY VIA GETTY IMAGES

Caos em Nova Iorque. Não há super-heróis que salvem Gotham desta vez

Da janela do seu apartamento em Nova Iorque, o escritor norte-americano Joshua Cohen observa uma cidade mergulhada no caos e na incerteza. Resta um apelo: se querem ser produtivos, têm de usar calças.
No momento em que escrevo, 8.141 pessoas já morreram de Covid-19, e milhares (espero que apenas milhares) vão continuar a morrer ao longo do próximo ano, antes de uma vacina ser desenvolvida e disponibilizada em larga escala. Estou sentado em casa, aqui na cidade de Nova Iorque, e vejo os números subir, em algo que se aproxima de “tempo real”, ou tão “real” quanto pode ser o tempo nestes dias: 8.142… 8.143… 8.144… Penso que é isso que é suposto eu fazer, sentar-me em casa e ver os números. Quero dizer, ninguém me ordenou que o fizesse; ninguém me deu, ou a ninguém, quaisquer instruções formais; os governos da cidade e do estado limitaram-se a fechar os bares e os restaurantes, os museus e as galerias e as salas de concerto e os teatros, etc., e esperaram que isso fosse suficiente para me manter, a mim e aos meus oito milhões de vizinhos, fora das ruas. É-nos agora dito que está iminente uma quarentena… vai começar na segunda-feira ou na terça-feira ou na quarta-feira, definitivamente na quarta-feira ao meio-dia, definitivamente na quarta-feira às cinco da tarde… é-nos dito que o Exército está a caminho para impor a quarentena, e/ou para desinfetar as zonas infetadas, e/ou para construir espaços para testes e hospitais de campanha, e/ou para entregar os nossos produtos orgânicos porta-a-porta, como os estafetas da Amazon e da Whole Foods, só que as bicicletas deles são tanques… Que mais? O metro e os autocarros nunca vão parar, porque os trabalhadores dos hospitais os usam… a utilização do metro e dos autocarros vai ser restringida aos trabalhadores dos hospitais… a utilização do metro e dos autocarros vai ser restringida aos pacientes que precisem de ir a uma zona de testes e/ou a um hospital, e quem sabe o que é que os trabalhadores dos hospitais vão fazer? Talvez passem simplesmente a viver nos hospitais, como os doentes em que inevitavelmente se vão transformar?
Caso o parágrafo anterior não tenha sido suficientemente claro, deixem-me tentar de novo: não tem havido clareza em nada disto. Ninguém em Nova Iorque sabe quem ouvir; só sabemos quem não ouvir: Trump. Mas ainda não estamos totalmente seguros de que não ouvir Trump também signifique que não devíamos estar a ouvir os seus adjuntos, dos quais sobre os dois mais proeminentes por estes dias nas notícias ninguém tinha ouvido falar até há uma semana: o oleoso advogado Alex Azar, que aparentemente é o nosso Secretário da Saúde e dos Serviços Humanos, um antigo executivo e lobista da indústria farmacêutica; e o nosso Cirurgião-Geral [n.d.t.: cargo equivalente ao diretor-geral da Saúde], o vice-almirante Jerome Adams, aparentemente um antigo comissário da Saúde do estado do Indiana quando o Vice-Presidente Pence era o governador do Indiana, e um homem que aparece como um personal trainer barato num navio de cruzeiro a afundar-se. Os dois membros do elenco deste reality-show da vida real de que eu mais gosto são o Dr. Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas, que parece e soa como o Don DeLillo (“O pior cenário é ou não fazermos nada ou as nossas ações de mitigação e contenção não serem bem sucedidas.”), e o Dr. Robert Redfield, diretor do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças, que surge como honesto por causa da barba ao estilo Abe Lincoln. Estas são as pessoas que me falam a partir dos meus ecrãs, e eu dou o meu melhor para não responder. Vivo sozinho e não tenho animais de estimação — nem mesmo um morcego, nem mesmo um pangolim —, por isso estas pessoas são a minha única companhia.
 Alex Azar, Robert Redfield, Jerome Adams e Mike Pence têm sido presença assídua nas conferências de imprensa sobre a pandemia ao lado de Donald Trump
GETTY IMAGES
Mas esqueçam a CNN — ou a CNN.com. Pensem nos vossos filmes, programas de TV ou o que quer que seja dos streamings favoritos que se passam em Nova Iorque — habitualmente são filmados em Toronto ou num estúdio em Hollywood, mas não interessa: pensem nos vossos favoritos. Agora pensem no quão separados eles são, quão paralelos e sem nunca se intersectarem: ninguém em Seinfield alguma vez sabe o que é que se está a passar em Friends; ninguém de um filme de Spike Lee alguma vez vagueou até à obra de (posso sequer mencioná-lo?) Woody Allen. Cada representação de Nova Iorque no ecrã é a sua própria e independente Nova Iorque e essa é atualmente a situação “no terreno”, com os governos federal, estatal e da cidade. Cada um está a fazer o seu próprio show nova-iorquino, sem comunicação, e o público já desistiu, para ser substituído por uma faixa de risos gravados que é, sobretudo, uma pieira.
Penso que a única Nova Iorque onde as personagens interagem é a Nova Iorque dos franchises promocionais cruzados de super-heróis, a cidade em perigo a clamar pelos seus X-Men, a fazer sinais de luz ao seu Batman. Mas não há nenhum esquadrão de mutantes patriotas de capa que salvem Gotham desta vez. O melhor que podemos fazer é encolher-nos num canto, com o nosso pijama do Batman enquanto racionamos o nosso papel higiénico do Batman e nos lembramos de que muito provavelmente uma experiência interespécies, ou um acidente interespécies, que nos meteu nesta confusão. Já tivemos a nossa quota de morcegos por agora.
"Não há nenhum esquadrão de mutantes patriotas de capa que salvem Gotham desta vez. O melhor que podemos fazer é encolher-nos num canto, com o nosso pijama do Batman enquanto racionamos o nosso papel higiénico do Batman"
Sem super-heróis confiáveis, sem políticos confiáveis, tudo o que nos resta é a ironia. Com isto quero dizer que, antes desta pandemia, a política americana estava atolada num conflito geracional, millennials vs. boomers, e agora parece que a mudança que não pôde ser mandatada pelos votos vai ser mandatada pela natureza. As vítimas desta pandemia parecem incluir-se, genericamente, em dois grupos: os doentes imunocomprometidos e os idosos. Os jovens — dos quais os mais saudáveis vão sair de tudo isto maioritariamente incólumes — vão chorar os primeiros, mas só vão fingir que choram os segundos. Não pretendo ser insensível: apenas franco. Os jovens americanos que não têm um emprego estável nem seguro de saúde têm todas as razões económicas mais intransigentes para não ficar em casa; têm todos os incentivos para sair e passar a infeção aos pais; afinal, os pais deles destruíram-lhes o planeta e roubaram-lhes o futuro. O facto de escolherem não exigir esta vingança é um sinal ou de cobardice ou de amor. Entretanto, com os negócios fechados, a ninharia que faziam com os trabalhos de freelancer evaporou-se; com os mercados afundados, as heranças — se é que esperavam alguma — foram reduzidas. E, quando as universidades cancelaram as aulas e os despejaram, deixaram a cidade e foram para casa — para a casa dos pais —, mas só depois de se assegurarem de que não tinham sintomas. Na minha opinião, se não iam para infetar as famílias, deviam ter ficado. Deviam ter-se barricado nos dormitórios e protestado. Pensava que era isso que os estudantes habitualmente faziam, mas talvez os millennials não o saibam — talvez nunca tenham chegado a esse capítulo no livro de história… perdão, no e-book de história.
Colocar as escolas online, a par do teletrabalho, tornou todo o nosso contacto virtual, e já é um lugar-comum pensarmos que, mesmo quando for seguro regressar à sala de aulas ou ao escritório, serão menos os que vão regressar do que os que abandonaram, e que mais e mais da nossa vida vai ser vivido remotamente, com câmara e microfone, mas sem calças.
Aqui fica um conselho de um escritor, que já estava sentado em casa muito antes de esta pandemia começar: se querem ser produtivos, têm de usar calças.
 Uma imagem rara: a Times Square tem estado praticamente vazia nos últimos dias
ANADOLU AGENCY VIA GETTY IMAGES
E mais algumas dicas de um escritor, sobre linguagem: desde o início desta pandemia, a nomenclatura tem sido contraproducente; a retórica lembrou-me da crise do VIH/sida, com as suas dicotomias alarmistas. Quem é positivo? Quem é negativo? Fizeste o teste? Usaste proteção? Esta escolha de palavras é desonesta e perigosa. O Covid-19 é um coronavírus, não um vírus do sangue, que é muito mais difícil de apanhar, e muito mais difícil de tratar, do que qualquer coisa respiratória. Não apanhamos Covid-19 por fazermos sexo sem proteção ou por partilharmos agulhas, mas por tocarmos em maçanetas de portas e por nos tossirem e espirrarem em cima. É por isso que quase todos nós o temos ou vamos ter em algum momento, algo que seríamos capazes de confirmar se tivéssemos testes suficientes, se os testes fossem uniformes e não tivessem um limite mínimo para dar positivo. Nos primeiros dias do surto no mundo anglófono, parecia que só os famosos é que apanhavam o vírus, mas veio a perceber-se, como a lógica já sugeria, que só os famosos é que estavam a ser testados: Tom Hanks, Rita Wilson, Idris Elba, a NBA. A dada altura, vamos ter a confirmação de que a relação entre número de famosos infetados e o número de não-famosos infetados reflete a proporção de famosos e não-famosos na população, embora nessa altura eu não esteja certo de que sejamos capazes de distinguir quem é famoso e quem não é famoso, porque um ano ou mais de comunicação exclusiva pela internet vai apagar essas fronteiras já ténues… e, depois, algum escritor, em pânico e solitário numa cave, vai tentar fazer a trivial e óbvia comparação entre a internet e uma pandemia, ambas impossíveis de serem contidas por fronteiras. A não ser, obviamente, na China.
Joshua Cohen (1980) é um escritor e crítico literário norte-americano, autor de livros como “Witz”, “Book of Numbers” e “Attention”. Trabalhou com Edward Snowden na escrita da autobiografia “Permanent Record”. Vive em Nova Iorque.
Este artigo faz parte da coleção “Janelas para o Mundo”, organizada pelo jornal alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung. Vários escritores e filósofos de todo o mundo escrevem sobre o que veem das suas janelas durante o período de isolamento motivado pela pandemia da Covid-19. Como sinal de proximidade cultural em tempos de distância política e social, artigos desta coleção são publicados também noutros jornais internacionais, como o Corriere della Sera (Itália), o Politiken (Dinamarca), o Observador (Portugal) e o Die Presse (Áustria).

Carlos Fiolhais_Entrevista



AQUI:

"Só há três competidores no planeta: o homem, os vírus e as bactérias"

[...] "Como somos parte da natureza e a evolução nos trouxe até aqui apesar de todos os ataques de vírus e de bactérias - a humanidade está aqui e mais forte do que nunca -..."[...]


Comentário destacado:

"José Nogueira
E o Homem perderá sempre. As bactérias e os vírus dominaram a vida na Terra durante 3 mil milhões de anos. E quando todas a outras formas de vida desparecerem, lá ficarão as bactérias e os vírus até ao fim. Daqui a outros mil milhões, calcula-se. Ou seja, as bactérias e os vírus foram criadas à imagem e semelhança de deus. Não o Homem."

quarta-feira, 18 de março de 2020

Carta ao Presidente_Para Memo'ria Futura









......

Subitamente, a esperança chega de Itália

Senhor Presidente da República, senhor Primeiro-Ministro, senhores deputados da República, ouçam-nos: amanhã será o dia mais importante das vossas vidas. Fechem o País amanhã. Em Itália funcionou.













Números do dia 16/3 em Portugal, divulgados a 17/3: 448 infectados, a meio do intervalo que estimei. Números muito tristes mas que são a realidade inescapável que teremos de enfrentar nas próximas duas semanas, com dezenas de milhares de infectados. O tempo da negação já lá vai.
No entanto, eis que hoje mesmo surge um raio de luz por entre esta escuridão que nos oprime. Uma luz ainda por confirmar, mas uma luz de esperança. E de orientação. Que surge em Portugal na hora H, no dia D.

Mas primeiro uma explicação.
A evolução da fase europeia desta epidemia está na sua fase exponencial. Como expliquei com detalhe no meu artigo do Observador, isto significa que a curva epidemiológica, que cresce inicialmente muito depressa –exponencialmente – passa por um ponto em que começa a abrandar o seu crescimento. Esse ponto, conhecido por ponto de inflexão, é decisivo: é ele que nos permite vislumbrar o pico do surto – ainda ao longe, mas já na linha do horizonte. A curva deixa então de ser uma exponencial para ser uma sigmóide, uma curva em S.

É um facto clássico em epidemiologia (vem nos livros de texto, geralmente no primeiro capítulo) que uma doença com imunidade zero e propagação for suficientemente rápida se propaga, se não for travada, até ao ponto de se constituir a imunidade de grupo (herd immunity). No caso deste coronavírus, os parâmetros de propagação, inseridos nos modelos matemáticos que regem a propagação, dão como resultado que o pico desta curva corresponde a 60%-70% da população. É por isso que Angela Merkel e Boris Johnson referem o número de 70% de infectados: corresponde ao pior cenário desta epidemia, o caso em que as medidas tomadas não conseguem travar o avanço do vírus.


Por isso é tão importante detectar o ponto de inflexão na curva das infecções: ele assinala a entrada na fase logística da dinâmica, em que a curva é sigmóide, e portanto que as medidas tomadas estão a ter efeito. Foi o que aconteceu na China ou na Coreia do Sul, únicos países que conseguiram controlar a epidemia em fase avançada: pode determinar-se o respectivo ponto de inflexão com uma precisão de 2 a 3 dias analisando os dados numéricos da epidemia.

O problema, como explico no artigo do Observador, é que até 16 de Março, em qualquer dos países europeus analisados, ponto de inflexão nem vê-lo. E na sua ausência temos de assumir que as medidas adoptadas não estão a ser eficazes. E portanto que a epidemia ficaria descontrolada, só parando nos 60-70%, como Merkel e Johnson afirmaram. No caso português, significaria um pico em fins de Abril-inícios de Maio, como afirmou a DGS, com 6 a 7 de milhões de infectados.


Agora os motivos de esperança.

Itália é, como tenho referido, o tubo de ensaio da Europa. Para sua desgraça, é o país europeu onde a epidemia está mais avançada; consequentemente, a sua evolução mostra aos outros países o que podem esperar. Itália está na trincheira da frente da frente da Europa nesta impiedosa guerra contra um inimigo invisível.

Os números de Itália de ontem, 16 de Março, revelam algo que pode assinalar a aproximação de um ponto de inflexão. O número de novos casos diminuiu, o que é incompatível com a evolução exponencial e pode sinalizar a inflexão tão desejada. Uma andorinha não faz a Primavera: um dia de diminuição, só por si, não tem significado. Isto já aconteceu recentemente, para nosso desespero, a 8 de Março e a 13 de Março, sendo contrariados no dia seguinte por um crescimento esmagador.


No entanto, há motivos para crer que à terceira é de vez. Os números de hoje, 17 de Março, confirmam essencialmente a estacionaridade do surgimento de novos casos. É a primeira vez desde início do surto na Europa que se registam 2 dias consecutivos (ou 3, se incluirmos o dia 15, em que o factor de crescimento foi de 1,02) de quase estacionaridade do factor de crescimento. O que pode sinalizar o fim da fase exponencial em Itália.


Gráfico com os dados das novas infeções em Itália desde 3 de março

Mais importante do que tudo é ter em consideração que Itália impôs o lockdown total do país a 9 de Março. Esta medida foi aquela que permitiu à China, que a aplicou muito precocemente, contê-lo em Wuhan; os dados disponíveis mostram que os efeitos da medida se tornaram visíveis com um atraso de 12 dias em relação à sua implementação.


Vem a propósito referir que foi hoje publicado no Observador um artigo do Pedro Pita Barros, “Porque não acredito na “curva exponencial”” que no subtítulo “contesta as projecções de Jorge Buescu”. Na verdade, este artigo não contradiz uma palavra do que afirmo. São feitos cálculos baseados sobre os dados da China, identificando-se um ponto de inflexão por volta do dia 16 do surto mas omitindo que o lockdown tinha sido imposto no dia 6). A inflexão verificada na China e o subsequente controlo da epidemia foram consequência directa do lockdown, facto que não é referido pelo autor e pode induzir em grave erro o leitor desprevenido.

Voltando ao caso de Itália, que no dia 17 perfaz 8 dias de lockdown, é bem possível, eu diria mesmo provável, que estejamos já a ver os primeiros sinais do efeito deste na contenção da doença. É ainda um sinal precoce, que tem de ser confirmado nos próximos dias – mas é o primeiro sinal objectivo de esperança no meio do tsunami e do desespero colectivo que nas últimas semanas tem assolado a Europa.

Só com os dados dos próximos dois dias poderemos ter absoluta certeza; mas a situação actual é inédita na fase europeia do surto e, a confirmar-se, trata-se de um verdadeiro breakthrough. Será o correspondente, na I Guerra Mundial, a conseguir furar a trincheira do inimigo. Significará que a estratégia de lockdown funciona na Europa, com um atraso até mais pequeno do que Wuhan (8-10 dias para 10-12 dias). Se isto assim for, temos todos de estar muito gratos a esta Itália verdadeiramente mártir, que no mesmo dia que nos dá esta extraordinária notícia regista 345 mortes, e que com o seu holocausto permitiu identificar a arma que nos fará ganhar esta guerra.


Esperam-nos ainda semanas muito difíceis, de grandes sacrifícios, com os serviços de saúde inundados de doentes, muitos deles em estado crítico. Exigirá um esforço heróico dos médicos, enfermeiros e profissionais de saúde. Todos temos de ficar em casa e reduzir os contactos a zero. Exigirá mobilização de meios numa escala nunca vista depois do 25 de Abril. Não haja ilusões: o pior está para vir. Mas finalmente sabemos o que fazer. O lockdown funciona!

Senhor Presidente da República, senhor Primeiro-Ministro, senhores deputados da República, ouçam-nos: amanhã será o dia mais importante das vossas vidas. Não tomar a decisão que se impõe significará condenar centenas ou milhares de portugueses. Todos estamos suspensos da vossa decisão. Todos esperamos que estejam à altura das vossas responsabilidades. Façam a única coisa que os portugueses vos pedem.

Fechem o País amanhã.

in: jornal "Observador"