segunda-feira, 28 de setembro de 2015

DEAD COMBO "Povo Que Cais Descalço"





"Um país abandonado, deixado à mercê de um destino que não se vislumbra no horizonte. Um povo descalço, que cai a cada passo que dá, empurrado por uma gigantesca mão feita de aço. Paisagens inóspitas arrancadas, à força, do coração de que é feito esta gente. Um coração que bate, forte, indestrutível. O povo que cai, mas que se ergue sempre após cada queda e continua a caminhar. O povo que é o país, o povo que somos nós. Todos." Dead Combo

Realizado por / Directed by:
Daniel Costa Neves

Produzido por / Produced by:
Daniel Costa Neves / Dead Combo / Paulo Pato

Agradecimentos / Thanks to:
Ainhoa Vidal, Hélder Nelson, José André e Carlos Almeida (Irmã Lúcia SFX), Julia Doesch, Kilito, Lydie Bárbara & João Figueiras (Blackmaria Produções), Mário Melo Costa, Pedro Diniz Reis, Pelouro da Cultura da C.M. Braga, Polícia Municipal de Braga e Theatro Circo de Braga.

2014 © Daniel Costa Neves / Dead Combo

www.deadcombo.net
www.danielcostaneves.com

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Ruy Belo :: Morte ao meio-dia / Dito por Mário Viegas






Ruy Belo (1933-1978)
"Morte ao meio-dia" in «Boca Bilingue» (1966).

Dito por Mário Viegas in «Humores», Disco 2, lado A (1980). Mário Viegas recita aqui a versão definitiva do poema, publicada no Vol. I da «Obra Poética de Ruy Belo» (1972), onde foi interpolada a estrofe iniciada por "O português paga calado cada prestação".

Música: Max Richter, "What had they done?" in «Waltz with Bashir. OST» (2008).

Em diversas línguas europeias a palavra "meio-dia" permite também designar o Sul geográfico. Tal foi o ponto de partida deste vídeo.

A frase de abertura é retirada de «A nossa necessidade de consolo é impossível de satisfazer», da autoria do escritor sueco Stig Dagerman (1923-1954). Eis a frase no seu contexto: "E enquanto me for possível empurrar as palavras contra a força do mundo, esse poder será tremendo, pois quem constrói prisões expressa-se sempre pior do que quem se bate pela liberdade" (p. 23 da edição portuguesa de 1989).

O graffiti final é uma variação da frase do poeta austríaco Erich Fried (1921-1988), refugiado em Inglaterra após a anexação do seu país pelos nazis: "Aquele que deseja que o mundo permaneça tal como está, não quer de facto que ele permaneça". Na versão original não figura o enfático "at all" do graffiti: "Wer will, daß die Welt so bleibt, wie sie ist, der will nicht, dass sie bleibt."


POEMA:

No meu país não acontece nada
à terra vai-se pela estrada em frente
Novembro é quanta cor o céu consente
às casas com que o frio abre a praça

Dezembro vibra vidros brande as folhas
a brisa sopra e corre e varre o adro menos mal
que o mais zeloso varredor municipal
Mas que fazer de toda esta cor azul

Que cobre os campos neste meu país do sul?
A gente é previdente tem saúde e assistência cala-se mais nada
A boca é pra comer e pra trazer fechada
o único caminho é direito ao sol

No meu país não acontece nada
o corpo curva ao peso de uma alma que não sente
Todos temos janela para o mar voltada
o fisco vela e a palavra era para toda a gente

E juntam-se na casa portuguesa
a saudade e o transístor sob o céu azul
A indústria prospera e fazem-se ao abrigo
da velha lei mental pastilhas de mentol

O português paga calado cada prestação
Para banhos de sol nem casa se precisa
E cai-nos sobre os ombros quer a arma quer a sisa
e o colégio do ódio é a patriótica organização

Morre-se a ocidente como o sol à tarde
Cai a sirene sob o sol a pino
Da inspecção do rosto o próprio olhar nos arde
Nesta orla costeira qual de nós foi um dia menino?

Há neste mundo seres para quem
a vida não contém contentamento
E a nação faz um apelo à mãe,
atenta a gravidade do momento

O meu país é o que o mar não quer
é o pescador cuspido à praia à luz
pois a areia cresceu e a gente em vão requer
curvada o que de fronte erguida já lhe pertencia

A minha terra é uma grande estrada
que põe a pedra entre o homem e a mulher
O homem vende a vida e verga sob a enxada
O meu país é o que o mar não quer


sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Marco Rodrigues_Fados do Fado_Noite




Noite


 letra de Vasco de Lima Couto e música de Max


Sou da noite um filho noite
Trago rugas nos meus dedos
De contarem os segredos
Nas altas fontes do amor

E canto porque é preciso
Raiar a dor que me impele
E gravar na minha pele
As fontes da minha dor

Noite companheira dos meus gritos
Rio de sonhos aflitos
Das aves que abandonei
Noite céu dos meus casos perdidos
Vêm de longe os sentidos
Nas canções que eu entreguei

Oh minha mãe de arvoredos
Que penteias a saudade
Com que vi a humanidade
A minha voz soluçar

Dei-te um corpo de segredos
Onde risquei minha mágoa
E onde bebi essa água
Que se prendia no ar

Noite companheira dos meus gritos
Rio de sonhos aflitos
Das aves que abandonei
Noite céu dos meus casos perdidos
Vêm de longe os sentidos
Nas canções que eu entreguei


domingo, 6 de setembro de 2015

Lara Fabian - je suis malade





Com um final estrondoso...(sem microfone)!!!


juan manuel serrat - puebo blanco





Colgado de un barranco
duerme mi pueblo blanco
bajo un cielo que, a fuerza
de no ver nunca el mar,
se olvidó de llorar.

Por sus callejas de polvo y piedra
por no pasar, ni pasó la guerra.
Sólo el olvido...
camina lento bordeando la cañada
donde no crece una flor
ni trashuma un pastor.

El sacristán ha visto
hacerse viejo al cura.
El cura ha visto al cabo
y el cabo al sacristán.
Y mi pueblo después
vio morir a los tres...

Y me pregunto por qué nacerá gente
si nacer o morir es indiferente.

De la siega a la siembra
se vive en la taberna.
Las comadres murmuran
su historia en el umbral
de sus casas de cal.

Y las muchachas hacen bolillos
buscando, ocultas tras los visillos,
a ese hombre joven
que, noche a noche, forjaron en su mente.
Fuerte pa' ser su señor.
Tierno para el amor...

Ellas sueñan con él,
y él con irse muy lejos
de su pueblo. Y los viejos
sueñan morirse en paz,
y morir por morir,
quieren morirse al sol.

La boca abierta al calor, como lagartos.
Medio ocultos tras un sombrero de esparto.

Escapad gente tierna,
que esta tierra está enferma,
y no esperes mañana
lo que no te dio ayer,
que no hay nada que hacer.

Toma tu mula, tu hembra y tu arreo.
Sigue el camino del pueblo hebreo
y busca otra luna.
Tal vez mañana sonría la fortuna.
Y si te toca llorar
es mejor frente al mar.

Si yo pudiera unirme
a un vuelo de palomas,
y atravesando lomas
dejar mi pueblo atrás,
juro por lo que fui
que me iría de aquí...

Pero los muertos están en cautiverio
y no nos dejan salir del cementerio

PATXI ANDION Me esta doliendo una pena





Me esta doliendo una pena
Y no la puedo parar
y se revuelve en silencio
tumba abierta en soledad
y quiero hacerla cometa
para poderla volar ...


Me esta ganando esta pena
y no la quiero ceder
y busca por ser palabra
y es por hacerse entender
en brazos de mi guitarra
y la tengo que esconder ...


Y en mi guitarra quisiera
dejar la pena llorar
hacerla surco en el tiempo
hacerla tiempo en el mar
hacer con la mar un viento
que se la pueda llevar


Me esta doliendo una pena
acunada en el portal
de este vacio sonoro
que no sabe adonde va
de este vacio que lloro
por quererlo remediar ...


Y en mi guitarra quisiera
Dejar la pena llorar
romper la monotonia
de este pueblo en carnaval
de este pueblo que me duele
cada dia mas y mas
Y que es una imensa pena
y me tengo que callar..

Me esta doliendo una pena

Y me tengo que callar...


terça-feira, 1 de setembro de 2015

Ana Maria

( poema declamado e gravado por um familiar, já falecido, que viveu longos anos no Brasil.
  não tenho a certeza se a autoria será dele. )
 



Vestida de rosas brancas
de mil silêncios feitas
assim jaz Ana Maria
que inda à pouco sorria
e agora não sorri mais.

Está mais pobre o seu bairro
e a sua rua ainda mais
só por que Ana Maria
que inda à pouco sorria
agora não sorri mais.

Há certo véu de tristeza
turvando o olhar dos pais
tudo por que Ana Maria
que inda à pouco sorria
agora não sorri mais.

As lindas danças de roda
perderam uma graça a mais
e isto por que Ana Maria
que inda à pouco dançava
agora não dança mais.

Parece que está dormindo
ouve-se por entre ais
dormir, pode dormir
mas sorrir como sorria
a linda Ana Maria
não sorrirá nunca mais.

Perdida canção alada
espalhada pelos céus
lindos versos de esperança
que a morte já não ouviu
e nos versos da canção
havia certa ironia
eis o que dizia a canção:
- por quem sonha Ana Maria?